domingo, 4 de outubro de 2009

Relação Comercial Brasil e China

A China é a economia que mais se destaca hoje no cenário internacional, registrando um crescimento explosivo de 9,1% no ano passado. E deverá ser, em 2004, o terceiro maior importador do mundo atrás dos Estados Unidos e Alemanha.

A China também ocupa a terceira posição entre os mercados compradores de produtos brasileiros, no nosso caso, atrás dos EUA e da Argentina. O volume de exportações do Brasil para a China foi no ano passado de US$ 4,53 bilhões, 79,9% superior às vendas para os chineses em 2002.

Na medida em que o comércio e os negócios entre os dois países se intensificam, as empresas brasileiras cada vez mais precisam conhecer o comportamento do mercado chinês e os mecanismos existentes para facilitar sua participação nesse mercado, que guarda enormes especificidades, porém oferece grandes oportunidades.

Há muitos anos. Em trabalho acadêmico, prevíamos que a China dominaria o mundo e que o tempo para essa ocorrência dependeria, basicamente, dos fatores educacional e político. Como estes só foram reengenheirados pela China ao final dos anos 70, retardou o processo, hoje em curso acelerado.O que nos levou a essa previsão para um país em atraso intenso na época foram basicamente, três fatores:

1) O contingente populacional e suas necessidades, em crescimento geométrico;

2) A incapacidade de os recursos naturais atenderem à crescente demanda potencial, o que forçaria a China a buscar outros territórios;

3) A histórica prática estratégica(ou de estratagemas), milenarmente cultivada e praticada naquela Nação.
O liberalismo econômico, que tem conveniências, nem sempre se desenvolve com a desejável simetria e responsabilidade social, principalmente nos processos globalizados. Nas relações atuais, a China sabe bem onde quer chegar, o que quer conquistar, o que pode e quer ceder, qual é o seu potencial e quais as suas limitações patrimoniais.

Comparativamente com o Brasil, as diferenças patrimoniais podem assim ser resumidas:




Vê-se, então, o grande diferencial do Patrimônio Humano, que poderá ser potencializado pela educação, a favor da China. Por outro lado, a China tem no Patrimônio Natural o grande limitador. Aí, então, o Brasil passa a ser seu foco de atenção. Recursos minerais, inclusive água, terra fértil e mercado consumista, são elementos estratégicos para o desenvolvimento da China.O contingente populacional chinês, com o provável crescimento de consumo pela melhoria da renda, e o excedente econômico pelo significativo saldo da balança comercial, são dois fatores que o mundo econômico mira e busca, nem sempre fundado em sólida estratégia.Mas ter sucesso a longo prazo na China exige atenção e estratégia, pois lá ainda são praticados seus estratagemas milenares, valendo destacar os seguintes, históricos, tirados da literatura:

• Enganar o Imperador e atravessar o mar
• Mel na boca, espada na cinta
• Atrair o tigre para que desça da montanha
• Atirar um tijolo para atrair uma jade
• Para prender os bandidos, primeiro captura-se o chefe.

O Governo brasileiro, pleiteando receber o apoio a uma cadeira na ONU, de importância apenas relativa, apressada e ingenuamente reconheceu a China como "Economia de Mercado". Trocou - e não recebeu - jade por tijolo, deixando potencial ameaça às relações futuras, quando precisar apoiar-se em barreiras de proteção comercial, o que já se prenuncia.

A China tem diferenciais vantajosos inatingíveis pela maioria dos setores industriais do mundo, exceto os derivados de recursos naturais de que não disponha. Sua base de remuneração do trabalho, a baixa carga tributária e de juros, a informalidade e a pirataria ameaçam as indústrias do mundo e, em especial do Brasil, detentor da mais alta taxa de juros do planeta e carga tributária entre as mais elevadas. Isto destrói o poder competitivo, mesmo com a mais alta produtividade. Alguns setores, como calçados, têxteis e confecções, ferramentas, plásticos e outros, já estão seriamente ameaçados, devendo afetar o nível de emprego. O automobilístico está de olho.

A alternativa da reciprocidade - explorar o mercado chinês - acessível a alguns setores, é inacessível à maioria, pelos diferenciais competitivos estruturais e pelas salvaguardas estratégicas, já que lá as regras, as normas, os contratos e a legislação não são rigidamente respeitadas, quando inconvenientes aos interesses locais. A opção de instalar lá as fábricas de componentes para que as unidades daqui e de outras partes do mundo sejam meras montadoras é uma alternativa. Porém, tem também seus riscos.
A China tem pré-definidos empreendimentos incentivados, tolerados e impedidos.
Incentiva investimentos estrangeiros(IED) para novas tecnologias agrícolas e desenvolvimento agrícola; para infra-estrutura(energia, transporte); aporte de tecnologias novas e avançadas para melhorar a utilização dos seus recursos; aumento da exportação de produtos para mercados sofisticados; que ajude a desenvolver as regiões centro e oeste do País; que cumpra as leis e regulamentações administrativas.
Restringe o IED que pretenda explorar os recursos domésticos; que concorram com as tecnologias domésticas no atendimento à demanda interna; nos monopólios estatais.
Proíbe o IED que ameace a segurança nacional ou o benefício público social; polua o ambiente ou prejudique a saúde das pessoas; afete negativamente os recursos do solo; aproveite a vantagem de tecnologias exclusivas da China e quando há proibição legal.

As parcerias e alianças, que poderiam ser uma alternativa de co-opetição, na prática, têm sofrido forte erosão, diante dos muitos casos de simples captação de know-how, como tem sido manifestado por grande número de empresas, principalmente americanas lá instaladas.A leitura de que a China só faz produto de baixa qualidade já está ultrapassada. A mais recente investida daquele País é a captação de tecnologia levando profissionais de todas as partes do mundo,detentores de know-how, com pagamento de altos salários, porém, até sugar a tecnologia. Assim procedeu com a moda italiana, com os calçados brasileiros, curtumes e outros. Como medida prática (estratégia) para acelerar a mudança de imagem e entrar em mercados sofisticados, a China está adquirindo, a altos custos, marcas mundialmente reconhecidas.

As condições da estrutura produtiva chinesa, aliadas à manutenção da moeda desvalorizada, devido ao regime cambial fixo e ao agressivo interesse exportador facilitado por agentes nos diversos países do mundo, além da pirataria institucionalizada, estão tornando o mundo dependente de seus excedentes econômicos, sob a forma de Investimentos Estrangeiros Diretos(IED), dificultando ações de reação pelos países endividados, visto que uma ameaça de retirada dos seus investimentos poderia, em muitos países, fazer trepidar a economia. Nos EUA, por exemplo, enquanto a indústria e o Congresso pressionavam por instituir barreira tarifária (27,5%) à importação, as autoridades governamentais, principalmente o FED, e até o BIRD, ficavam cautelosos, cientes do potencial de geração de crise mundial que isto representaria.

De tudo isto, resultariam, pelo menos, uma dúvida, uma pergunta e uma tentativa de resposta:

Dúvida - A Relação Brasil-China é inconveniente para o Brasil ?

Pergunta - Devemos, então, bloquear/romper a relação com a China ? O que deveremos fazer ?

Tentativa de resposta - A tentativa de resposta subdivide-se em três itens:

• A relação Brasil-China é paradoxal. É uma oportunidade que traz grandes riscos, especialmente de exaustão dos recursos naturais e de desestruturação de muitos segmentos industriais. Por isso, qualquer compromisso abrangente deve ser precedido de responsável estudo de viabilidade

• Não. Não devemos bloquear/romper a relação Brasil-China. Mas precisamos superar a ingenuidade. Não devemos trocar jade por tijolo. Precisamos ter visão de futuro. Ter pressa e calma.

Em vista da dimensão e responsabilidade, inclusive de preservação do Patrimônio Natural e tecnológico, a Relação Brasil-China precisa ser tratada na dimensão geopolítica e geoestratégica.

Se isto não for feito, correremos o risco de exaurir nossos recursos sem chegarmos ao desenvolvimento, no verdadeiro conceito, e termos feito apropriação indébita(roubo) das gerações futuras do direito de uma vida digna. No curto prazo, estaremos destruindo, pelas diferenças competitivas, grande parte do parque produtivo brasileiro, gerando mais desemprego e desgaste social. Se pudermos, devemos cooperar para que aquele País vença seus gigantescos desafios. Porém, desde que o preço não seja a condenação de nossas gerações futuras.

Podemos dizer que: As relações comerciais Brasil e China desenvolvem-se rapidamente de 2002 para 2003 o fluxo comercial saltou de U$$ 4 bilhões para U$$ 6.7 bilhões 6.7 bilhões,ambos os valores aproximados ,ou seja uma elevação de 65% .

RAPHAEL PASSOS ARAUJO DE CARVALHO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO

Nenhum comentário:

Postar um comentário